segunda-feira, 27 de junho de 2011

Eneida Agra Maracajá


Um presente de esperança, de luta e de amor pela arte e a cultura. Assim vejo essa mulher, uma mulher que não é santa, nem é casta, mas é forte e raçuda, uma brava guerreira dos cabelos afogueados. Uma mulher que não pára, ela não pode parar. Uma mulher inquieta e inquietante, com tanta sede de viver e de levar cultura para o mundo, que já não se consegue nela ver apenas uma mulher, nela se vê um estandarte. Um estandarte da cultura e das artes, um estandarte flamejante, cheio de garra, força e muito sangue derramado nas suas diversas batalhas contra imensos moinhos e dragões burocráticos e que ela teima em desafiar a cada instante.
Um presente de Guerreira, que há 35 anos comanda o Festival de Inverno de Campina Grande, um dos mais duradouros e importantes festivais de arte e cultura do país, onde mistura o popular e o erudito das diversas artes com maestria e amor. Guerreira, que aos 72 anos, ainda vai levar cultura ao presídio, ensinando poesia, música e dança aos detentos. Guerreira que em 1974 foi convidada a dirigir o Teatro Municipal, que estava quase em ruínas e sem nenhum calendário cultural e ela conseguiu transformá-lo em um espaço vivo e cheio de cultura. Um dia, sentiu que precisava levar a arte para as ruas, então criou o Circo Cultural e várias ações que acontecem ao longo do ano e mexem com o cotidiano dos lugares por onde passa.
Um presente para a guerreira que é o reconhecimento do seu trabalho, da sua luta, do seu amor, e que, no Dia da Cultura, ganhou um importante reconhecimento do seu trabalho, o Prêmio Claudia 2010[1], que anunciou Eneida Agra Maracajá como uma das mulheres que fazem a diferença na vida dos brasileiros. Só que, naquele momento em que era reconhecida por todo o seu trabalho, Eneida, a nossa guerreira da cultura, vencia também uma outra batalha invisível, histórica e muito cruel, a batalha contra o preconceito. Para quem não se lembra, naqueles dias de novembro, os nordestinos foram bombardeados por uma campanha infame e cruel de agressões e preconceitos disseminados na internet. Eis que então surge a nossa guerreira, com seu estandarte e cabelos fumegantes, exibindo triunfantemente um prêmio tão mais importante agora, nesse momento infeliz, para reafirmar a história e a dignidade de todos os nordestinos.
Texto de Raija Almeida

[1]  Prêmio CLAUDIA, que promove e reconhece as conquistas das mulheres que fazem a diferença na vida dos brasileiros. Idealizado pela revista CLAUDIA, o prêmio teve a sua primeira edição em 1996. A cada ano, apresenta quinze finalistas divididas em cinco categorias: ciências, negócios, trabalho social, políticas públicas e cultura. Vencedoras- Políticas Públicas: Luislinda Valois / Cultura: Eneida Agra Maracajá / Ciências: Themis Reverbel da Silveira / Negócios: Vitória da Riva Carvalho / Trabalho Social: Diza Gonzaga 

Prêmio Claudia 2010: Eneida Agra Maracajá

http://www.cuidedapele.com.br/fique-por-dentro/mulher-bonita-de-verdade/cultura-nordestina/1316/